A Fonte Luminosa, Parnarama-MA

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Situação do bloqueio no atendimento a pacientes do Ma em Teresina, entenda.

O Hospital de Urgências de Teresina recebe dezenas de pacientes do Maranhão diariamente
Aconteceu nesta segunda, dia 18 de abril, em Teresina, reunião com Secretários Municipais de Saúde do Maranhão, o Secretário Municipal de Saúde de Teresina, Presidente da FMS, Pedro Leopoldino e sua equipe técnica, com a presença da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí Dra. Lilian Martins, com objetivo de encontrar saída para o impasse no atendimento de pacientes do Maranhão no Estado do Piauí.
A reunião contou com presença dos Secretários Municipais de saúde de Caxias, Dr. Vinicius Araújo, de Coelho Neto, Rosangela Curado, de Presidente Dutra, Teresinha Cruz, de Coroatá, José Ribamar (representante), de Alexandre Costa, José Mamede, de Duque Bacelar, Socorro Lima, de São João do Soter, Maria do Carmo Lacerda, de Afonso Cunha, José Agripino, de Capinzal do Norte, Roberval Cunha, de Timon, Neiva Neto, de São Raimundo das Mangabeiras, Aparecida Pitombeiras, de Parnarama, Breno Silveira, de São Domingos do Maranhão, José Andrade Jr, de São Joao dos Patos Ariachi Maria Lopes, de Fortuna, Geniara Rodrigues além de representantes dos municípios de Bernardo do Mearim e Buriticupu.
A FAMEM, Federação dos Municípios do Maranhão, foi representada pelo Coordenador da Área de saúde Simplício Araújo, o FMS de Teresina estava representado pelos Técnicos Hercules, Geraldo Magela e Alduína Rego.
O impasse da compensação financeira ao Estado do Piauí tem origem na Portaria Ministerial Nº 2.971, de 9 de junho de 1.998, que “redefiniu os tetos financeiros com recursos federais para a assistência à saúde e para a operacionalização da descentralização das unidades assistenciais da Fundação Nacional de Saúde e das Unidades Assistenciais do ministério da Saúde”, pois em seu artigo 9, reconhecendo a grande migração de pacientes do Estado do Maranhão buscando tratamento no Polo de saúde de Teresina, apontava que os referidos atendimentos seriam compensados de acordo com uma serie histórica de atendimentos que fora listado, 30 dias depois, através da Portaria 3.213, de 10 de Junho de 1998, que “remanejou recursos financeiros para o custeio da assistência…, entre os Estados do Amapá, Maranhão, Tocantins, Pará e Piauí”, assinada pelo então Ministro da Saúde José serra. O Piauí, mais especificamente Teresina, passou a receber o Valor de R$ 4.820.000,00, oriundos do Ministério da Saúde.
Em 2004, após Resolução Conjunta da CIB/MA (Nº 001, de 21 de novembro de 2003), aprovando o remanejamento, a Portaria Nº 356/GM de 9 de Março de 2004, assinada pelo Ministro Humberto costa, o recurso fora incorporado de forma definitiva ao Teto Financeiro anual do Município de Teresina, saindo do Teto do Maranhão para compensar os atendimentos de pacientes no Piauí.
Cabe Lembrar que a Portaria Nº 3.213, de 1998, deixava bem claro em seu Artigo 2º, § 2º, que os recursos de R$ 4.820.000,00 poderiam “ser remanejados para os Estados de origem, caso sejam detectadas alterações no fluxo das internações”, fato que, no caso do Maranhão, mesmo com inúmeros discursões nos últimos anos sobre “barreiras assistenciais” em Timon, não aconteceu. Quanto ao fortalecimento da Macro de Caxias, o que se pode ver é que nos últimos dois anos o município perdeu importantes repasses financeiros que contribuíam para o funcionamento do serviços de Maternidade (R$ 300.000,00) e para o serviço de urgência e emergência (Hospital Geral R$ 302.500,00), além de não receber desde Agosto de 2009 o repasse estadual da contrapartida ao SAMU, divida que já chega a R$ 750.000,00.
A Região dos Cocais, é a mais dependente de Teresina, pelo fluxo natural de pacientes, pela proximidade. No entanto a atual regionalização de Saúde do Maranhão prevê que os pacientes da região, que precisam de atendimentos que a Macro Caxias não possa realizar, tem que buscar esse atendimento no Município de São Luís, que inclusive é detentor dos recursos dos municípios dos Cocais para cobertura destes atendimentos. Ocorre que São Luís está a 361 km, ou em média 5 horas de viagem, tendo o paciente que esperar em média 15(quinze) dias por um exame e até 45 dias para um procedimento cirúrgico eletivo, segundo relato dos Secretários presentes na reunião de Teresina, enquanto Teresina está a apenas uma hora de Caxias e os atendimentos costumam acontecer mais rapidamente.
Quando irão olhar para a saúde do povo maranhense com reponsabilidade?
A necessidade dos pacientes do Maranhão, desde 1998, é sempre em exames e internações mais especializados, denominados de média e alta complexidade pelo sistema único de Saúde, portanto, de maior custo.
O estudo que apontou o valor de R$ 4.820.000,00 a ser incorporado ao teto do Piauí, não estipulou reajustes de valores, nem mesmo indexados ao aumento de tabela dos procedimentos do SUS, foi realizado pelo estudo da serie histórica de internações hospitalares anuais realizadas até 1998 pelos municípios do Piauí aos pacientes do Estado do Maranhão e considerou apenas o valor de tabela vigente na época e não o seu custo, o resultado não poderia ser outro.
Com a pactuação normatizada pela portaria do Ministério da Saúde o Estado do Piauí, em especial a cidade de Teresina abriu as portas aos pacientes do Maranhão e também do Pará que enviava em 1998 o montante de R$ 320.000,00.
Acontece que o fluxo de pacientes nos últimos anos aumentou visivelmente, Teresina e seu Polo de Saúde atraem pacientes de vários estados vizinhos, que chegam ali esperançosos em busca dos famosos “planos populares”, movimentando as centenas de pensões existentes na capital e os “agenciadores” que conduzem o paciente pelas clinicas privadas da capital, recebendo seu quinhão de comissão, até que se acabem os recursos financeiros dos pacientes e estes sejam, em grande parte, jogados à sorte do Sistema Único de Saúde.
Os recursos pactuados com o Piauí hoje mais atrapalham que ajudam o Sistema de Saúde de Teresina, no tocante a sua população própria. Destinados naquela época à cobertura de internações hospitalares de urgência e emergência, a demanda atual aumentou muito por atendimentos cirúrgicos eletivos (que podem ser agendados), talvez em virtude da suspensão do Mutirão de Cirurgias eletivas do Ministério da saúde, sem contar os exames de média e alta complexidade que, segundo os técnicos da Fundação Municipal de Saúde de Teresina, importam em quase cinquenta por cento do total da FMS, o custo dos pacientes provenientes de outros Estados.
Com a defasagem dos valores das tabelas nos últimos anos agravou-se a crise financeira do Município de Teresina que, mesmo ficando com a maior parte dos recursos destinados ao Estado do Piauí, aportando sempre acima de vinte por cento dos recursos de contrapartida municipal e as vezes com a parceria do Governo do Estado, tem enormes dificuldade financeira, agravada violentamente pelo aumento de ações judiciais promovidas por usuários que não encontrando mais atendimentos na rede SUS requerem a cobertura de atendimentos em rede privada da Capital ou ainda em outros Estados com ônus para a FMS.
O Estado do Maranhão tem constantemente buscado a melhor forma de manter a parceria com o Piauí, em reunião realizada no dia 06 de Abril de 2010, decidiu entre outras deliberações, contrariando o fluxo natural e a demanda espontânea de pacientes do maranhão, que a Macro de Caxias, deveria prioritariamente referenciar o paciente para São Luís, encaminhando para Teresina apenas os pacientes de Radio e Quimioterapia com ônus para o município de São Luís, ou seja, Caxias enviaria os pacientes e São Luís, que detêm o recursos da macro Caxias para estes procedimentos, pagaria a conta. Nos demais casos, em que municípios do Maranhão enviem pacientes à Teresina, os próprios municípios pagam a conta, abatendo os valores dos seus tetos financeiros mensais. Ainda segundo a deliberação da reunião, o acerto de contas a ser feito na Câmara de Compensação ocorreria a cada 03 meses.
Houve ainda uma reunião no dia 19 de abril de 2010, com secretários de saúde da região dos Cocais e o município de Teresina debatendo assuntos da regulação dos pacientes entre os Estados.
Desde 2009, o Piauí vem ameaçando “fechar as Portas” aos pacientes do Maranhão de forma definitiva, caso não seja revista a pactuação entre os dois Estados. Em 15 de abril de 2010, o assunto foi objeto de uma reunião na Câmara de Conciliação e Arbitragem da Administração Federal da Advocacia-Geral da União, com presenças da Procuradoria da União no Piauí/PU-PI, Procuradoria do município de Teresina, Secretaria de Saúde do Maranhão, Secretária de Saúde do Piauí, Fundação Municipal de Saúde de Teresina e Ministério da Saúde.
Consta do termo de reunião CCAF-CGU-AGU-MIC 032/2010, que a Secretaria de Saúde do Estado do Maranhão, estabelece que os procedimentos de média complexidade, não pagos pelo MS ao Piauí através de FAEC e os de Alta Complexidade não comtemplados no Elenco da CNRAC seriam motivo de um encontro de contas na câmara de compensação Maranhão/Piauí com posterior pagamento. A SES/MA solicitou apenas que fossem comprovados através das guias dos encaminhamentos dos municípios de origem dos pacientes.
Após a reunião na AGU-CGU, logo no dia seguinte, a Comissão Intergestores Bipartite- CIB/MA retificou a resolução 39/2010 de 26 de março de 2010 (que só foi publicada em maio), que garante, em seu artigo 2º, “aos municípios do Estado do Piauí, a partir da presente data, o ressarcimento dos procedimentos de média complexidade que forem formalmente encaminhados por municípios maranhenses”. Segundo o paragrafo único, “os valores a serem descontados dos tetos financeiros de Média e Alta Complexidade de cada município serão calculados por meio de encontro de contas trimestral a ser realizado entre a SES/MA e a FMS/Teresina e constarão da Programação Pactuada Integrada/PPI Assistencial do Maranhão”.
Na segunda-feira, 18 de abril, com ampla participação de todos os Secretários Municipais de Saúde do maranhão presentes no auditório da FMS/Teresina, após mais de três horas de debate ficou determinado que o município de Teresina aguardasse mais 60(sessenta dias) para que os municípios do Maranhão repassem os valores listados e apresentados a cada secretário presente através de planilhas.
Foi levantado que o Piauí agiu equivocadamente ao buscar o ressarcimento dos recursos diretamente junto ao Ministério da Saúde, quando ficou determinado, inclusive junto a AGU-CGU que o encontro de contas fosse realizado na Câmara de Compensação Maranhão-Piauí.
Todos os Secretários presentes reconhecem que enviam pacientes e são devedores conforme acordado em abril do ano passado, o que entrava o pagamento a Teresina neste momento é a autorização para pactuação e pagamento tem que ser analisada e aprovada em reunião da Comissão Intergestores Bipartite, que é a responsável pela deliberação final em caso de alteração de tetos.
O Piauí, beneficiário dos R$ 4.820.000,00 anuais enviados pelo Maranhão para compensar por atendimentos realizados em Teresina, conseguiu ao longo desses anos consolidar o direito a esse repasse em virtude da falta de investimentos do Maranhão e da regionalização obedecer mais a critérios políticos que técnicos. A própria portaria GM/MS 3.213 de 10 de Julho de 1998, apontava que o recurso poderia voltar ao Maranhão se houvesse alteração do fluxo das internações. Por outro lado, a mesma portaria estabelece que seja criado um mecanismo formal de encaminhamento das internações hospitalares, o que seria de total interesse da FMS/Teresina, instrumento que se mostra moroso e ineficaz, contrariando a urgência em receber por atendimentos já realizados.
Por fim, a tendência é o impasse se estender por longos anos ainda, em decorrência de vários conflitos de interesses, próprios e legítimos de cada Estado, com essa dependência dos serviços que o Maranhão tem do vizinho e essa busca pela cobertura financeira aos pacientes atendidos reclamadas com todo direito pelo Piauí, já tarda o entendimento não apenas financeiro, mas também das politicas de saúde.

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